quinta-feira, 17 de setembro de 2015

3. Nosso amor era um jogo de palavras




Senti sem ti e vi que a vida dá ao coração cor a ação de amar o mar. Separei-me da pá e serei eu mesmo desenterrado da terra. Retirei-me de ti e tornei rei e me amarei e que tu voltes para a terra que me enterrastes.

Lá da pá, suas palavras, únicas como o ás, soam como um ode de desculpa. Ao seu lado, um destilado de culpa me corrompe. Logo, caí ao chão e retornei à prisão, sem a pá, meu riso de defunto. Não penso em mim mesmo, lidei sua luz com esmo e tornei meu próprio carrasco, me sucumbindo com asco.

A luz do Sol é meu lar, porém com sua presença é solidão, sem ti é lucidez. Lúcido, demando clareza na sua incerteza de que caído, não terei pá e chão para me segurar e, assim, seguir na infinita cova rasa de esquecimento.

Pedi à Deus e me entreguei por inteiro sem notar que a única coisa que eu precisava ver estava em seu meio, a única coisa que eu realmente precisava valorizar. Pois quando se vai a idade, tudo vira limbo. Longe da terra, volto a amar o mar, sem ti, volto a me amar.

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