domingo, 7 de fevereiro de 2016

14- Três etapas para auto-aceitação


                                                             Fotografia de André Brito



Se um dia eu tiver a oportunidade de viver outra vez, eu escolheria não. Não porque eu odeio viver, mas qual seria o ponto de viver tudo de novo achando que poderá mudar algo, mas acabar fazendo a mesma coisa? 

Minha vida durou 12 meses. Uma eternidade tentando achar uma maneira de expandir meu tempo de vida e impedir o (in)evitável. Foram 8 dias para pensar em como não entrar na minha crise de identidade, meu momento introspectivo de auto-conhecimento. Viajei à vários ambientes, conheci espécies diferentes, fugi e fugi. Mas foi tudo em vão.

Entrei debaixo de minha coberta e me enrolei até me sufocar com meu ego. Chorei, ri, fiquei com raiva e com medo. Hibernei. A minha vida obscura me deixou com medo. Quem era eu? O que era eu? Pra que eu existia? Foram 3 longos dias na penumbra. 

Logo, decidi me abstrair da minha vida, pensar nos outros, pensar em cada alimento que me sustentou, em cada grão de terra que pisei, em cada brisa me refrescou e em cada perigo que fui salvo. Pensei na vida nos outros e tentei imaginar no que não existia. Comecei a me sentir confortável nessa escuridão quentinha e aconchegante. Mas, após 4 dias, o inevitável.

Eu vi a luz, vi que mudei. Meu corpo estava diferente e eu estava curioso. Comecei a me explorar e ver o que meu corpo era capaz. Logo, veio o medo, a ansiedade de saber que eu estava perto de um fim. Voei para longe, para o mais distante que consegui. Apenas viajei. Conheci outros e outras como eu e explorei, curioso com um corpo ao mesmo tempo igual e diferente ao meu.

Vivi por vários meses e aceitei minha vida, me aceitei. Comecei a me achar a criatura mais bonita do mundo. Minha beleza gerada pela minha segurança fez com que os outros me chamassem de Bela Dama. Essa sou eu, Vanessa, a Bela Dama.